Nos deixem ser poetas!
" Permita-nos
Que sejamos nós com os nós no peito,
Ao rebento de lágrimas desnudas
E ao derramar dos cálices do tormento...
Somos assim: poetas julgados exagerados,românticos incuráveis e incorregíveis,
E condenados a sentir os desencaixes do tempo...
Nossa alma sente as correntes
A pesar nos pés
Que lutam por voos em cada aurora nascente,
Pois ao rompermos em nosso primeiro choro,
Nos foi dada uma cota a mais de como sentir o mundo...
Se é dádiva ou lástima,
A dúvida sempre será nossa sina_
Nos deixem sofrer como sofremos e sentir
Como sentimos as estações...
Nos deixem saborear as palavras
Como apetitosas frutas,
Ou como demorados beijos...
Nos deixem conjugar o passado no Presente e o futuro no passado,
Com os pronomes oblíquos que expressam nossos anseios
E nos dá asas da criação com o uso da lusa língua que herdamos...
Nos deixem a curar nossas feridas
Com o deleite da nossa escrita
Que nos reaviva e nos põem sãos...
Sonhamos como pueris crianças
Amamos o amor
Aos brios intensos
Aos arrepios da pele...
Não nos tirem as linhas que escrevemos
Com mãos sôfregas
Para alívio de nossas angústias
Fuga para nossos devaneios
Sustento para nossa fé
Fôlego para desejar mais primaveras
Coragem para as constantes metamorfoses
Renascer nos dilúvios interiores
E a enxergar jardins em campos queimados...
Que aos silêncios das
Linhas da poesia,
Faz ecoar a voz brasa e com vida a desbravar..."
( •Charlene Santos• 🌹)