O Som da Poesia
Eis que estou aqui quieta
Quietinha sem nada querer
E ela vem à minha porta bater.
Ei!
Psiu!
Cadê você?
Diz!
Tô aqui!
Que queres?
Quero que me tire de mim.
Ponha-me no papel.
Que eu seja teu véu.
Véu!
Manto Sagrado!
Chapéu!
Quero te revestir
Em doces palavras
Como numa canção.
Quero que sejas minha namorada
Meu namorado
E provocar em ti emoção.
Emoção que ao outro mostres
Como tua arte de me expressar
E juntos de mãos dadas possamos estar.
Quero que convertas meu som
Em algo audível
A todo ser.
Que melodiosamente entoado
Ele saia de ti e entre nas mentes,
Na voz e no coração de toda gente.
Quero que o som de minha poesia
Seja o mesmo que o teu
Um uníssono em sintonia.
A voz do coração do poeta
Sai junto com sua inspiração
Para retratar e provocar emoção.
E ser rouca esta voz está
Sai lá o poema tosco, vesgo, torto
Que a outros princípios cumpre.
Eu sou tua voz.
Eu sou a voz do outro
Que com a tua se mistura.
A voz da poesia
Não poderia assim ser um elementos simples,
Mas complexo.
Complexo em si mesmo
Mas que encontra no outro
Sua explicação.
A voz do poeta
Não cadencia
Por si só.
O som da poesia
O som do poeta
São um!
Um que fala
Um que grita
Um que geme.
E quer deixar soltar
Este grito
Em alto e bom som.
Fala poeta
Fala poesia
Fala leitor.
Juntos esses três elementos
Fazem do ato de poetar
Algo transparente.
Que este ato Encante
E emocione toda gente
E a deixe contente.
É isto que a poesia faz
Que o poeta tenta fazer
E que o leitor quer sentir.
Francilangela Clarindo
In Som de Poetas. Papel D'Arroz Editora, 2015: Portugal.