Palavras ao vento
Quando estou com sono,
Palavras dançam na mente,
Como noite, cama, lençol,
Cansaço, dormir, acordar cedo...
Ao amanhecer, outras surgem,
Sol, esticar o corpo, café,
agradecer, trabalhar, ficar de pé...
No decorrer do dia, as palavras percorrem
E por vezes esbarram em mim,
Bom dia, Tudo bem? Obrigada.
Trabalho. Comida. Dever de casa.
Mas há pausas, acelerações,
Algumas surpresas, como no ano vigente,
Trazendo novos sentidos às palavras,
Distanciamento, aglomerações.
Álcool em gel, máscara, limpe as mãos.
Palavras ao vento, palavras ao chão,
Palavras que matam e trazem consolação,
Palavras que agem, palavras selvagens,
E também as fantasiadas,
Mudando no decorrer da caminhada.
E assim, mais uma vez,
As palavras não param de ir e vir,
Surgindo, passeando ao meu redor,
Idas e vindas, perpassando o meu ser.
Oras lentas, devagar,
Porque outrora correram demais,
E hoje não sei se perderam seu lugar.
Mas eis o mistério da palavra,
Ela que pode fazer nascer,
Elevar, potencializar,
Também pode fazer perecer,
Minimizar, matar.
E assim me cabe pensar,
Sabendo de todo poder que contido nela está,
De que forma as palavras eu hei de usar?
OBS: Construído (em construção) como sugestão do prof. Rafael Figueirêdo, para o curso de experimentação poética.