Poesia que se foi
Em meio à atmosfera onírica
em um vidro surgem rabiscos.
Tornando-se palavras nítidas,
poema num espelho escrito.
Sob o fantasmagórico luar
quero na memória guardá-lo
ambiciono mais tarde registrar
as estrofes que agora encaro.
Acordei! Lanço mão do caderno
Decepção! Não consigo lembrar...
Certo de ter visto, mas incerto
das palavras que vi brotar...
"Quem faz o útil
encontra o objetivo?
A ponta traçou o risco,
o gelo deixou fumaça,
O cão roda em círculo,
a própria cauda caça.
Inútil racionalmente,
as pessoas, contentes."
Será do Lete a água que bebo?
Apenas versos sem sentido!
Migalhas são o que ofereço:
pedaços de um espelho partido.
E agora quanto mais o tempo passa
mais me esqueço daquela poesia.
Mais Cronos vem, destroi, devora, arrasa
as palavras que vi naquele dia.