POEMAS DE GAVETA
Poemas de gaveta,
Papéis empoeirados,
Tintas incolores,
Palavras a se perderem
No tempo de um pensamento fugaz.
Não sei qual é o sentido das palavras
Mas sei das que eu já não pensava...
Pensava que eram velhas.
Mas, quis torná-las novas
Ao tanto usá-las nos lugares mais inesperados.
Eu tentei várias vezes dialogar com elas;
Escrever-las em novos papéis...
Mas elas se recusam a me falar, dizer-me...
A se abrirem à minha mente;
Que as quer tanto rejuvenescê-las
Com o amor que tem por elas.
Tentei, tentei... Mas não consegui.
Parece que já aceitarem o tempo,
Os carunchos a consumi-las
Dentro de um velho imóvel carcomido...
Esperando, pelo fim, a cremação
De todas suas vidas malfadadas.
Feito seus urgentes pedidos,
Eles, agora, são poesia cremada...
E suas essências estão em paz
Dentro de meu cemitério-cabeça.