POEMAS DE GAVETA

Poemas de gaveta,

Papéis empoeirados,

Tintas incolores,

Palavras a se perderem

No tempo de um pensamento fugaz.

Não sei qual é o sentido das palavras

Mas sei das que eu já não pensava...

Pensava que eram velhas.

Mas, quis torná-las novas

Ao tanto usá-las nos lugares mais inesperados.

Eu tentei várias vezes dialogar com elas;

Escrever-las em novos papéis...

Mas elas se recusam a me falar, dizer-me...

A se abrirem à minha mente;

Que as quer tanto rejuvenescê-las

Com o amor que tem por elas.

Tentei, tentei... Mas não consegui.

Parece que já aceitarem o tempo,

Os carunchos a consumi-las

Dentro de um velho imóvel carcomido...

Esperando, pelo fim, a cremação

De todas suas vidas malfadadas.

Feito seus urgentes pedidos,

Eles, agora, são poesia cremada...

E suas essências estão em paz

Dentro de meu cemitério-cabeça.

Leandro Monteiro
Enviado por Leandro Monteiro em 21/11/2020
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