Cemitério dos livros
Eis aqui o poeta tumular
Que em vida, murmurava
remoendo os rumores
de suas horas mortas,
concebendo versos roídos
pelos vermes do desalento
Suicidados poetas
povoavam sua mente mórbida.
Depressão poética
revelando a podridão do mundo
Desenhava no céu seu desencanto poético.
Influenciado por filósofos e poetas pessimistas.
Eis o seu drama quando balbuciava
alardeando que poetas como ele
nunca dizem exatamente
aquilo que querem dizer
usam vocabulário agressivo e trágico,
e muitas vezes descambam para o antipoético
Então num repente
quando um véu de leve rancor
moldou-lhe o rosto sombrio
Com a voz encharcada de lágrimas,
compôs sua última poesia, penosa,
e patética, na lápide fria
Foi então que o poeta macabro
estremeceu, e confirmou os seus temores
quando, para seu espanto
viu que o cemitério dos livros
estava repleto de obras densas
tristes e inacabadas.
Edir Araujo
copyright@2015todososdireitosreservados
ISBN 978-85-913565-2-2