Pescaria
E subo de novo no barco
Engato no anzol uma inspiração moribunda
Arremesso com molinete fazendo belo arco
Atento, monitoro para ver se a boia afunda
Talvez seja minha isca
Ou minha falta de paciência
Espero a fisgada, a faísca
Mas só pego reticências
Com leitura a mente se expande
Acho que preciso melhorar a cevada
Às vezes penso que vem um peixe grande
Mas no anzol interrogação não me vem nada
É...O mar não está para peixe
Então vou comentando a pescaria
Parece que a inspiração disse: "Me deixe."
"Porque teimas em fazer poesia?"
Talvez esse sol na moleira
Quiçá o balanço desses dias me deixe enjoado
Pelo menos poderia poupá-los das minhas besteiras
Enquanto ficasse calado
Mas acredito que estão rondando
Assim faz parte do meu estratagema
De pescar poesias brincando
Acabo fisgando um metapoema
Esperar mais um pouco. Quem sabe?
A fé é típica do bom pescador
Vai que a boia afunde com vontade
E eu pesque uma poesia de amor.