As letras

as letras, por si só,

resolveram se encontrar.

decidiram desatar o nó,

sem pena, sem piedade, sem dó,

na inspirada mesa de um bar.

as letras foram chegando,

as palavras foram saindo,

as frases se formando,

os nós se desatando;

tudo tão belo. tão lindo!

as letras falavam dos sonhos,

da doce quimera, das fantasias.

falavam dos bichos medonhos,

dos olhos turvos, tristonhos,

do sol de todos os dias.

as letras bailavam entre si,

feito folhas secas no outono.

mergulhavam num eterno frenesi,

onde o lema era sorrir,

onde era proibido o abandono.

as letras cantavam em coro,

em total e plena harmonia.

não havia dores, nem choro;

só se via um terno namoro

entre as letras e a poesia.

Sérgio Murilo
Enviado por Sérgio Murilo em 19/08/2020
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