Balé das letras

e nesse incansável balé das letras...

fala-se dos beijos que foram dados,

dos afagos, dos toques, dos carinhos.

das pessoas de mãos dadas, dos enamorados,

de suas veredas, seus atalhos, seus caminhos.

fala-se do céu estrelado, dos tantos luares,

do vazio da noite que açoita as ruas.

dos segredos que navegam pelos mares,

dos ares, dos bares, das pessoas de palavras nuas.

somente, dando voz a inspiração, sem tretas...

fala-se da realização dos infindos sonhos,

das pedras que teremos que mover e remover.

das fadas e dos temíveis bichos medonhos,

do frio das madrugadas e da beleza do amanhecer.

fala-se, sem pudores, dos infinitos amores,

dos devaneios desaguando em ilusões.

dos jardins adornados de lindas flores,

das favelas, das mazelas que afligem os corações.

encaixando versos, rimas, nas brechas, nas gretas...

fala-se da inquietação do bardo, do poeta.

dos papéis amolgados que acolhem poemas.

da pseudo esperança da boca do profeta.

da liberdade esquecida nas chaves das algemas

fala-se da musa e dos eméritos madrigais,

das odes, dos cânticos e da própria poesia.

fala-se do lirismo, da paixão, dos amores abissais,

dos sóis que nos banham de energia.

Sérgio Murilo
Enviado por Sérgio Murilo em 11/07/2020
Reeditado em 18/08/2020
Código do texto: T7002687
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