VIAGEM AO SOM DE FOLHAS
Trago n'alma folhas brancas,
Folhas desenhadas, pintadas, escritas
E folhas caídas, sopradas pelo vento.
Algo instou tal folhas a serem francas,
Houve mensagens findas e infinitas,
Escritas queriam abolir o momento.
Todo aberto a discursos e novas ideias
Adoro ser manuseado, folheado,lido.
O coração derrama sobre as linhas
As mais variadas das panaceias.
Letras,palavras, períodos como adidos
De uma ramagem leve com gavinhas.
Talvez se minhas palavras feitas ventos
Soprados por enternecidas cordas vocais
Pudessem expressar de fato os sentimentos
E nas trilhas guiariam qual chacais.
A fronteira, Transpô-la demanda arte,
Que pode vir em ondas telepáticas -
Estas nos permitem estar em toda parte-
Desafiam todas equações matemáticas.
Certo mesmo só possuir cactos por testemunhas,
Mas desertos são prolíficos de luz e energia,
Neles fáceis os deslizes sobre as areias...
Não como a argila onde textos se cunha:
Seja no frio da noite ou calor do dia
Textos se expandem e ninguém os cerceia.
Ideias e sentires afixados em pergaminho
Cederam vez a finas folhas de papiro.
Sempre o anseio mental de falar sozinho,
Todos alvos atingidos quando miro.
O tempo congela-se a cada passo que descrevo,
Autor e leitor fixarão a linha direta
Neste parto que, sem obstetra,
Transfigura-se em luz, como num enlevo.
Textos incisivos deitaram terra ao diz que diz
Ou fogo à lenha de ideias condutoras de revoltas;
Suprimiram oralidades infiéis e malsãs,
Intentavam fazer do homem mais feliz:
Mas todas as idas pressupõem as voltas;
Algumas palavras dariam chão, fizeram-se chãs.