Todas essas coisas de poeta
Todas essas coisas de poeta
são coisas sem horizonte ainda,
ou o que vem depois das folhas secas.
Rastros são ocupados:
um eterno tingir e aguar,
bajulice talvez;
eu chamo a isso borboletas.
O poeta é a criança que imagina os próprios doces,
cabelo amarelo-cafuzo
os bolsos em desnível com o capitalismo
e nos olhos um sismo
a sacudir de outono a primavera
- eis o que vem depois das folhas secas!
Contei o Ver-o-peso em Art Dèco
e a praça Zagury em borda azul.
"Versos de menininha!",
debocha o poeta maldito,
mastigando abismos.
Meu verso, que pena,
passa longe ao coração e desce a suturar-lhe o rim.
Dei de ombros:
- És um puxa-vírgulas a coisas tortas!
por que não sai do meu beiral?
"VERSOS DE MENININHA!"
"VERSOS DE MENININHA!",
debocha o poeta maldito.