'Desabafo'

Roma, 18/06/2020

Me sinto em pedaços

Em peças me desfaço

Vou me entregando a sina

E ao cansaço

Fazendo tudo aquilo

Que já sei que não trás bem

E que vai contra o meu compasso

Escravo

De coisas tolas

Que me comprazem

Que escolho

Sabendo o preço

Que é pesado

Salgado

Quando escorre

Até os lábios

Um minuto depois

Lá se foi outro pedaço

Que depois me falta

Me apaga

Me afoga

Acalma a carne

Mas dilacera a alma

As vezes me parece

Um eterno montar

E desmontar

De um quebra cabeça

Viciado

Sem lógica

Que as vezes

Consigo fazer encaixar

Ajoelhado

Cabeça baixa

Olhos fechados

Mas sempre que me faltam

Poucas partes a decifrar

Um próximo cenário

Desmancho tudo

Me misturo

Me bagunço

Como sou fraco

Por mim mesmo

Ou mesmos

Derrotado

Ouvidos

Aos mestres

Tapados

Olhos

Por vergonha

Vão baixos

E por 'vergonhas'

Fascinados

Ligação

Com quem me guia

Da minha parte interrompida

Abandonada

Tantas mensagens de amor

E de iluminação das sombras

E na bifurcação

Na via das escolhas

Ainda pego o caminho contrário

Nos testes da vida

Ando sendo reprovado

E faço de bom grado

Sou voluntario

Hoje ao menos

Vou deixando sementes

Por onde passo

Mesmo que errado

Planto o melhor de mim

Que sei que vai brotar

Mais cedo

Ou mais tarde

A Luz e ao Amor

Somos todos condenados

Por favor

Acreditem

Se quiserem é claro

Não é por mau

Faça o que eu digo

Não o que eu faço

E ainda errante

E clichê

Refaço

De mim mesmo

Sou capitão do mato

Cúmplice

Juiz

Fiador

Por todos eles

E mais alguns

Escravizado

Vitima não sou

Sabendo disso

Posso ser salvo

Por meus próprios passos

Fica aqui

Um desabafo

Espero

Que não me entendam

Só sintam

Sintam só

Reflitam

Ser compreendido

Sem compreender-se

É das prisões

A solitária

O 'limbo'

Dias melhores virão

Sempre vem

Como dizia Chico

Irmão amado

E querido

'Tudo passa'

E o poeta

Andando

Ou caído

Também passa

Mesmo deixando

Sua marca

Passa a dor

Passa a flor

Passa a ilusão

O frio

O calor

A farsa

Pétalas e espinhos

Passarinhos

Túmulos e ninhos

Sempre passam

Só não passa o incomodo

Que sempre sinto

Quando desvio

Do caminho de casa

Bem vindo a 'vida'

E é isso que ela

Por hora me fez

Me faço

Finaliza aqui

Um homem

Que confessa

Que o menino morreu

Saiu em busca

Do próprio coração

Se perdeu no caminho

Entre achados e perdidos

Mas deixou pegadas

E hoje

O chamam

sarto

Fe

Fer

Nando

Fernando

Cesar

Encanto e desencanto

Fernando Cesar Machado

Um lobo solitário

Mesmo sempre acompanhado

Já eu

Ou o que penso ser eu

Nos chamamos

Nos sentimos

O Caos

Um filho

Intenso

Sem muito juízo

Libriano

Fadado ao equilíbrio

Da Perfeição separado

E a buscando no mundo

Em busca do Pai

Do Qual dizem

Sou recinto

Acredito

Vencido o labirinto

Dizem que encontro Comigo

Confio

No baile

Das trevas e do divino

Ser um neutro bailarino

Dizem ser do caminho

O destino

E nele me guio

Ser sereno

Nos altos e baixos

E só então

A unica paz verdadeira

E possível.

o sarto
Enviado por o sarto em 18/06/2020
Reeditado em 18/06/2020
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