Metapoema intrometido

Ia concentrar-se em Afrodite

Buscaria uma rima perfeita

Da métrica honraria limites

A excelência toda satisfeita

O texto exalaria perfume

Da metáfora, sua contundência

Seria com peso e volume

Para na memória fixar residência

Pensou num belo e clássico soneto

Mas sabe aquela do cão que só ladra

O defunto não cabia no esqueleto

Ele já estava na terceira quadra

Perdia muito tempo no projeto

Enquanto o poema caminhava

Esquecia-se até do objeto

Falar de amor para sua amada

Na poesia, seguia brincando de poeta

Talvez não fosse uma deusa, sua musa

Tava mais para um labirinto de Creta

Tão metapoema, estranha e confusa

Mas divertia-se das suas tentativas

Cutucando sua inspiração preguiçosa

Que, (in)sensível, contorcia-se nada efetiva

Parecendo dar gargalhadas gostosas

Por fim resolveu terminar

Porque não tem leitor que aguente

Se não tem nada para falar

Não fique enchendo o saco da gente