'Palavras ao vento...'

Roma, 20/05/2020

Esqueça o destino

Pois somos a estrada

Sem ter onde chegar

Encontra-se o sentido

Tem paz o andarilho

Tem luz a caminhada

Escolhas como bússola

Erros formam o mapa

Virtudes na mochila

O cajado do equilíbrio

Vem das sementes

Que no caminho do meio

Por Mestres do Amor

Foram plantadas

E deram seus frutos de graça

Um vislumbre da eternidade

Dê graças

E deles alimentados

Na companhia de mentores

Coração como guia

Segue reta e bendita

A jornada

O pior dos finais

Não impede o começo

Uma retomada

Quiçá um recomeço

São valiosos os tropeços

Mas deixe as pedras onde estavam

Castelos não nos servem

São feitos de medo

Sombras passadas

Faz mais barulho o silêncio

Que um grito de tormento

Uma árvore que cai

Que uma floresta inteira crescendo

Que cresce com a chuva

Em meio a temporais

Mas crescendo vira casa

O mais sagrado dos templos

Assim também somos nós

Tenho meus sonhos escondidos

No interior de minhas pálpebras

Somos flores crescidas no outono

Podadas nos invernos da vida

Com fissão aquecidas

Adubadas com cinzas

Regadas em sangue e lágrimas

E você

Que nunca foi

Mas sempre volta aos meus dedos

Que afasta os meus medos

Que como agora

Me faz desviar do enredo

Que me traz esperança

Mesmo eu sabendo

Que isso é um erro

Você

Que já persegui com o olhar

Por engano

Dezenas de vezes

Pelas ruas

Vielas

Becos e sonhos

Sem ao menos conhecer seu rosto

Devido ao divino esquecimento

Isso por não saber esperar

E tentar adivinhar

A hora marcada

Do nosso feliz reencontro

Você

Que ocupa o lugar

Desejado por outras

Sem ao menos estar aqui

Nem ter entrado na disputa

E elas não entendem

As vezes nem eu

Que não posso escolher

Ou forçar um querer

E à sua espera ou procura

As faço sofrer

E assim por culpa

Mesmo sem ter nenhuma

Eu sofria também

São essas as coisas

Que não consigo falar nunca

Mas queria dizer

Então confesso ao vento

E ao tempo

E a você

Que à estas linhas está lendo

E puder me entender

Quando implodo

Quando mal escolho

Quando pesa a bagagem

Me tornando um engodo

Jogo fora algumas 'coisas'

Sentimentos e pessoas

E depois sinto tanto

Por puro egoísmo

As ter usado

As ter 'infranto'

Me sinto péssimo

Me sinto um tolo

Me afogo em pranto

Mas eu sei

Por ser fraco

Foi talvez necessário

O universo não erra

Como eu faço

E traz tudo no tempo exato

Sou eu que distraído me atraso

Me apego aos desvios

E repito o cenário

Mas se chegar

Minha companheira de jornada

Encontraremos um lugar

Longe do fim

Andaremos a pé

Descalços

Nus sobre espinhos

Nos tornando fortes

Mais nobres

Não a nobreza do mundo

A da Alma e Espirito

Para deixar de sofrer

Lembraremos do pó de onde viemos

Que faz o pior Igual ao melhor

Isso faz grande o Menor

É a paz do humilde

E o final de todos nós

E se na noite houver tempestade

Por de trás dos seus cílios

Estarei ao seu lado

Quando for hora do combate

Quando for tempo de exílio

Me leve contigo

Te levarei comigo

Como um precioso livro

Que todos deveriam ler

Sem ter dono

Toda obra de verdadeiro amor

Tem liberdade como título

E minha estante

Nem por um instante

Será o teu destino

A vida me ensinou

Que se caio

É para renascer

Brotar do infinito

Acordar de um sonho ímpio

A cada tombo novo

Tem mais sentido o precipício

Meu valoroso conhecido

Hoje o chamo de amigo

Um homem é forte

Quando aprende a ser frágil

Não temer o futuro

Muito menos o passado

Usa de armadura

Aura leve e clara

Sorriso de escudo

Gentileza com todos

Eis a sua espada

Que venha o bom combate

Um guerreiro da Luz

Te aguarda

Me leve com você

E me defenda se necessário

Te levarei carinho e abrigo

Em troca de nada

Mas esperançoso de um sorriso

Te protegerei de abismos

Em qualquer direção

Capitulo ou página

Seja qual for o destino

Recordações deixarei pelo caminho

E você será com certeza uma delas

Não uma história qualquer

Seremos um mito

Tipo Adão e Eva

Sobre um anjo lindo

Compartilhando comigo

Suas asas

Seu voo infinito

Suas trevas

Certos dias

Tentarei trazer o tempo de volta

Memórias póstumas

Mas a idéia de uma recordação

Quase sempre é melhor

Que ela própria

Devo pensar menos

E viver o agora

Mas sem meus pensamentos

O que será que me sobra

Sempre fui o melhor em errar

Te direi para não ficar

Porque os mais próximos

No final sempre se cortam

E cicatrizes sempre me pesam

Me cobram

Nunca quis fazer sangrar

Não sou bom em dar os pontos

Como somos ingênuos

Nós mal nos conhecemos

Nem sequer nos temos

Mesmo assim nos damos

Mesmo sem terem pedido

Ou mesmo aceito

E esperamos sempre algo em troca

Assim começam muitas dores

E vícios

É o mais crasso dos erros

O maior atraso do caminho

E agora não bastam mais as palavras

Nem as milhões de histórias

Em milhões de pergaminhos

Somos rodeados de pessoas

Que se contentam com a sobra

Por medo de ficarem sós

Por desconhecerem

O Criador e a Cria

A Si mesmos

O Todo e a Obra

O Silêncio que ensina

Eu fui uma delas

Temo que ainda seja

E nunca pensei nisso

Criando hematomas invisíveis

Deixando profundas sequelas

Que duram por tempos em nós

Nossos filhos e netos

Depois chamamos de destino

Mas só duram o quanto durar a fuga

Se ao invés de buscar cura

E o Amor e o Perdão são as únicas

Seguir atrás de anestesias

Que escondem os venenos mais fortes

O orgulho e a vaidade

O medo e a irá

Assim eu te peço

Duvida da luz das estrelas

Da existência dos astros

Do calor do sol

Até da verdade da vida

Mas no Amor acredita

Em ser Amor

No seu Amor

No meu Amor

No nosso Amor

Ao menos nele confia

Por inteira

E por eras

Me espera

Minha amada

Minha irmã

Mas acima de tudo

Minha amiga.

o sarto
Enviado por o sarto em 20/05/2020
Reeditado em 21/05/2020
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