Insubordinação

Pior que cão bravo,

As palavras me mordem,

Latem pra mim.

Mas não me obedecem.

Figura de linguagem,

Até de whatsapp,

Nada encaixa.

Como se todas estivessem dentro de uma caixa,

Que eu agora tento procurar,

Porém não acho.

Já li. Já ouvi. Já pensei.

Só que a mente precisa de letras pra formar o pensamento.

E elas fogem, me batem.

Se dispersam como Nuvem.

Brincam de esconde-esconde,

Nem me deixam contar.

Nem me deixam conta-las.

Criatividade? Bloqueio?

Falha na rede?

Ou as palavras que não me obedecem?

Não temos mais intimidade, oh santos grafemas?

Ó unidade de sentido! Majestosa estrutura lexical!

Vá ver se estou na esquina!

Porque não te achei em nenhuma rua do meu bairro.

Será que preciso sair mais?

Andar em outras ruas?

Ver outras nuvens?

Ouvir outras raças (ou idiomas) de cães?

Figurar as figuras?

Configura-las? Transfigura-las?

Como um celular que o sinal não pega,

Aponto, sacudo, subo e desço com a mente e o olhar para tudo que é canto.

Em busca de sinal (signo) linguístico.

Descobri que as palavras não são domesticáveis.

Mas as gotas douradas de uma tempestade,

Formada pelas nuvens da inspiração,

Que caem regando a terra,

Matando a sede,

Transformando desertos em mananciais.

E das mesmas águas virando alimento da nuvem que ainda não é.

Para a próxima tempestade.

Todo o texto é a criação de algo,

Selvagem.

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Interação ao poema DEU BRANCO de grande autor DIOGENES LESSA

Leandro Severo da Silva
Enviado por Leandro Severo da Silva em 04/03/2020
Reeditado em 04/03/2020
Código do texto: T6880466
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