VIAGEM AMOROSA NA LINHA DO TEMPO
De início amei talvez na volúpia
Com que Zeus amara suas devotas.
Fiz-me touro, fagulha que te tisne,
Fiz amor imbuído de ser cisne.
Seguiu-se tempo de ser aquilo e seu oposto,
O amor me elevava e levava ao fundo do poço.
Então, ao som de flautas, pastoreei
E por pastoras fiz poemas que semeei.
Arde-me agora ao peito dor de amor,
Ó Flor de Lótus, dá-me teus lábios,
Confirma-me teu papel, papel de flor,
Porque somente de amor eu gosto.
Teu corpo agora como vaso em porcelana,
Minh'alma adverte-me de tuas formas.
Importa a tessitura sedosa vinda a mim da China,
Posto que de resto tudo corrobora erro e me engana.
Importa som e o modelo que o adorna.
Tens amor bacante, trago -te o de ervas finas.
Minha goela estufada por tu, sapa !
Coaxo elegante( e sem hiatos!) no brejo
Avesso às azucrinações vindas lá do Tejo:
Porei, enfim, o meu Brasil no mapa.
Amor teci
Cantos tantos.
Queimei-me em ti
Tostados prantos
Dedico este poema à brilhante poetisa Maria Ventania, pois inspirei-me na sua obra O Mundo, uma excepcional prosa poética que muito me impressionou.