Uma página em branco.

Ela estava ali, diante se mim. Sedenta, entregue e nua. Eu queria possui-la. Cobri-la do carinho de minhas palavras, oriundas do lado mais íntimo e profundo de meu ser. Eu não a conhecia bem, mas já a amava. Não por quem ela era, mas, principalmente, pelo o que poderia ser.

Eu sabia, com certeza de causa, que a partir do momento que eu a conhecesse bem e desse a ela um mínimo de sentido para existir, também estaria conhecendo a mim mesma.

Somente, ela tinha O Dom. Aquele poder de me fazer, se fazendo. De me querer, se querendo. De navegar por mares inóspitos e terras estrangeiras, junto de mim. Viagens sem paradeiro certo, as vezes com começo, mas, nunca... nunca mesmo, com uma única finalidade certa, obtusa. Pois, o fato é que, entre mim e ela, existia um terceiro, um amante de ambas, querido e desconhecido. Que dava a nós, uma sensação de juízo final:

você – leitor.

05 de novembro de 2019.

Do E-BOOK "Quando as rosas se amam", lançado em 2020.

Está disponível gratuitamente neste BLOG.

Andréa Agnus
Enviado por Andréa Agnus em 05/11/2019
Reeditado em 15/01/2021
Código do texto: T6787822
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