O POETA E EU

Onde se escondia o poeta?

Talvez em algum recôndito da alma

que tenha por nome timidez ou insegurança...

Por que a s palavras demoraram

a achar a reta por onde viriam jorrar?

Mas, um dia, as palavras vieram

e começaram sua dança.

Estaria o poeta esperando o momento

em que talvez recebesse palmas?

Desconfiei que fiz esse poeta

por pura necessidade.

Ficou cheio o escaninho onde a alma

guarda as palavras que lhe agradam.

Encheu e transbordou, e junto vieram

lágrimas de alegria e tristeza,

riso e choro, inquietude e paz,

e essas pequenas luzes que

surgem do nada para clarear por dentro.

E o poeta me obriga a dividir com ele

todos os espaços e momentos.

Ele não me deixa tempo para lamentos

porque os transforma em poesia

e mostra a beleza para além dos tormentos.

Nas alegrias ele me confunde:

não sei se ele faz poesia com elas

ou se é delas que extrai a poesia.

A presença do poeta passou a ser regra,

já não é só uma visita inesperada

e, hoje, eu o tenho por companheiro de jornada.

E já nem sei se eu fiz o poeta

ou se me fazer é a sua empreitada.

Silva Edimar
Enviado por Silva Edimar em 02/11/2019
Código do texto: T6785556
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