O POETA E EU
Onde se escondia o poeta?
Talvez em algum recôndito da alma
que tenha por nome timidez ou insegurança...
Por que a s palavras demoraram
a achar a reta por onde viriam jorrar?
Mas, um dia, as palavras vieram
e começaram sua dança.
Estaria o poeta esperando o momento
em que talvez recebesse palmas?
Desconfiei que fiz esse poeta
por pura necessidade.
Ficou cheio o escaninho onde a alma
guarda as palavras que lhe agradam.
Encheu e transbordou, e junto vieram
lágrimas de alegria e tristeza,
riso e choro, inquietude e paz,
e essas pequenas luzes que
surgem do nada para clarear por dentro.
E o poeta me obriga a dividir com ele
todos os espaços e momentos.
Ele não me deixa tempo para lamentos
porque os transforma em poesia
e mostra a beleza para além dos tormentos.
Nas alegrias ele me confunde:
não sei se ele faz poesia com elas
ou se é delas que extrai a poesia.
A presença do poeta passou a ser regra,
já não é só uma visita inesperada
e, hoje, eu o tenho por companheiro de jornada.
E já nem sei se eu fiz o poeta
ou se me fazer é a sua empreitada.