Na parede o relógio

Vi uma casa marrom

Porta verde

A noite começava

Senti no rosto calmos ares

Uma singela brisa

Adentrei [na casa]

Ambiente (meio) assustador aquele

Uma mesa - e um antigo relógio

Ali, na parede, batidas hipnóticas

Eu, a mente paralisada

Certo pavor me chegou

Sentei-me no sofá

Na parede vi um quadro

Uma foto, rosto desconhecido

De uma mulher

Creio eu, já morta

Os ruídos do relógio a me entorpecer

Lá fora, a rua, já escura - a noite

De repente ouvi ruídos

Alguém caminhava

Pelo corredor

Na penumbra

Quem seria?

Passos, e as batidas hipnóticas do velho relógio

Surge alguém, uma mulher, vestia preto

Olhar lúgubre, dei-lhe boa noite

Disse-lhe: ----- Vim fazer-te uma visita, uma visita breve.

Ela: ------ Não, já é noite, vá embora. A noite está fúnebre, volte outro dia.

O relógio, dele ouvia híbridas batidas

Sombrios ruídos

Disse à mulher, de vestido negro: ----- Irei embora, amanhã voltarei.

Ela sorriu, fria.

Me encarou e disse: ------ Sim, pode vir amanhã, quando a noite começar

Irei esperá-lo

Abri a porta

Antes olhei para o quadro

Com a foto daquele estranho rosto

E fui embora

Por entre as trevas.

NOTA: Uma pessoa enviou uma mensagem. Queria saber se o autor teria retornado no outro dia, à noite, àquela casa. Não. O poema termina aí. Me inspirei numa casa, em frente à minha. Antiga, está desabitada. Alguém a comprou - mas não a derrubou para edificar outra. Este poema - "Na Parede o Relógio" - foi inspirado nessa casa, antiga, já bem deteriorada. Quando garoto aprendi ler, escrever nela, onde havia uma escola particular. A professora chama-se Lurdinha. Bem, a mulher (do poema) não tem nada a ver com ela (Lurdinha). Nada.

Coisas que saem da cabeça de quem faz poemas. Só.

Salatiel Hood
Enviado por Salatiel Hood em 23/10/2019
Reeditado em 05/12/2019
Código do texto: T6777342
Classificação de conteúdo: seguro