Conjugação poetal
Eu, poeta
incompleto
penetro
a rocha
a escuridão
a morte
e me preencho,
de retalhos
nos hiatos
da carne do
verbo faz-se
minha auto-
imagem que
não é minha.
Tu, poeta
quebrado
desdobra-se
em mil sóis
e mil sombras
sem dono
como o ar.
Acompanha-me
atento a
qualquer sinal
de inspiração,
e leva
sorrateiro
meus traços,
minha produção.
Ele, poeta
trespassa
diáfano
infame
mundano
a superfície
da mente
maculada já
por outros
não-poetas
ladrões
de fogo e
de arte que
Prometeu lidera.
No plural
somos defectivos
falhamos
na regra
à custa
do estilo
próprio ou
vice-versa
Sem nós
sem vós
sem eles
ninguém
é necessário
quando poeta
somos.