Vozes sem cabeça

É pra falar de verdade.

É pra falar do que dói.

É pra enperolar as palavras.

Tornar viva as sensações que elas constroem.

Ouço essa voz.

Ouço o eu lírico.

Fazendo vexame com seu grito.

Obedeçendo a incerteza.

Mataram a poesia da destreza.

A destreza da poesia.

vozes sem cabeça.

Não merecem os poetas que choram.

Só vão usar os que na verdade nem são,

Os reais nasceram em vão .

Dos seus desperdícios de poetas vem a hipócrisia como solução.

Seus poetinhas de agora nada são.

Ao contrário de todos os poetas que já houveram,

não são de dores sãos.

Como podem versificar

O nada em tantas versões?!

Cadê a poesia que arrepia?

Se é só poema pra um dia.

De que vale a presença de Deuses

pra esses frasistas?!

Seja poeta.

Seja louco todo dia.

Sinta-se o poeta de ontem, hoje.

Seja louco por vida.

Desalinhando seus louvores.

Seja poeta pros dias de hoje.

O hoje carece de poemas.

Fale do que dói.

Faça a Poesia.

Não só pela lírica .

Sinta .

Sinta sim.

Sinta- se,

Poesia.

Sentimento.

Põe si há.

Poeta tem que chorar.

Eu que não sou virtuoso

Vim aqui reclamar.

Deuses o que há?

Não norteiam mais seus poetas,

Hó Magos da inspiração,

estagnaram,

só se alinham na temática paixão.

Deuses não mais são.

Se se perderam no tempo não se pode deter o título.

Seus poetas não são reais nem em títulos.

Aliás eles quais são?

Fale de verdade Deuses poéticos contemporâneos.

Seus avós estão se orgulhando?

Aliados da ignorância na alma,

a herança de inspiração está se quebrando.

Seus poetas não são mais profetas.

Assim os Deuses dos poemas se tornam uma verdade velha.

O que ficará de poema dessa era?

Se vocês assopram sensacionalismo

ao pé do ouvido que ouve tudo sorrindo...

Aos poetas que não amam .

Aos poetas que não choram.

São de alma pra versos mudos.

Reprises ruins do que já falaram as pulgas,

nas tumbas,

de José do agora,

de Bráz Cubas.