Calhambeque
Por sobre o indicador e dedo médio
O polegar girava a caneta
Manivela que na ignição faz seu assédio
Tentando fazer pegar a carreta
Que pegando, sonho que não terá quem breque
E por paisagens maravilhosas vou seguir
Ninguém segura este calhambeque
E o melhor sempre está por vir
Então embarque nessa comigo
Sua imaginação como cicerone
Não garanto que não corra perigo
Quiçá num passeio você se apaixone
E na descrição do desabrochar de uma flor
A simplicidade se faz magia
Pela janela se olhar com amor
Tudo pode virar poesia
Eu sei: a suspensão é meio dura
Português, métrica com lirismo é carro do futuro
Considere que perrengues podem valorizar a aventura
Arrisque seu salto no escuro
Aqui posso te soprar um segredo
Vento na cara é bom para cachorro
Pode pegar carona sem medo
Anonimato de quem pula fora como socorro
Então considere que o risco é pequeno
E se permita em poesias passear
E se gostar de um aceno
Carro velho às vezes precisa de alguém para empurrar.