Demiurgo
Eu tomo número e medida, o compasso
das horas e incluo o maior peso
da forma febril, cheia de húmus
meio sombra, meio luz; e nas narinas
o fôlego amargo para que animada
A Criação conheça a pele - tato, lianas
de passado & futuro, a aflição
e o estertor do gozo.
Nomeio sobretudo a intempérie;
Estudo o vocábulo que apanhe
a mosca apavorada em brusca teia.
Concedo a ternura e o crepúsculo;
De olhos baixos – tudo e nada
Percorro outra vez a via escura
que guia a velha mão a nova escrita.