Demiurgo

Eu tomo número e medida, o compasso

das horas e incluo o maior peso

da forma febril, cheia de húmus

meio sombra, meio luz; e nas narinas

o fôlego amargo para que animada

A Criação conheça a pele - tato, lianas

de passado & futuro, a aflição

e o estertor do gozo.

Nomeio sobretudo a intempérie;

Estudo o vocábulo que apanhe

a mosca apavorada em brusca teia.

Concedo a ternura e o crepúsculo;

De olhos baixos – tudo e nada

Percorro outra vez a via escura

que guia a velha mão a nova escrita.

Rodrigo C Pereira
Enviado por Rodrigo C Pereira em 22/08/2019
Código do texto: T6726088
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