POESYLAND

Os versos, artesanatos naturais,

São flores que, ao sol da mente, desabrocham

E os poetas, oras, esses são pais,

Cujas filhas, as letras, pouco a pouco o endossam.

Há poetas que transitam pelo jardim,

Alguns esvoaçam com graça de borboleta;

Outros, fechados em si, são como bichos-da -seda -

Algumas dessas sedas com maciez de cetim -

Ambos, entretanto, avessos às ampulhetas,

Caminham nas palavras fazendo-as veredas.

Tatuzinho-de-jardim perdido no humos,

Amante da obra dos grandes poetas;

Sei, jamais serei primeiro, suprassumo,

No rol dos autores serei o etecétera.

De meu humos contemplo os pássaros

Sem inveja ou desgosto, assim posto,

Nesse clero ocupo o papel de cátaro :

Ponho, então, um sorriso no rosto.

Não, o poeta não será jamais maluco:

Veja, olha-se as horas no relógio, poeta vê o cuco.

Observe que o poeta gira gira sem sê-lo,

Gosta muito de textura de cabelos.

Ele contempla a flor e então floresce,

Alheia-se, dispersa-se como ao vento a areia,

Foge da aranha, mas nunca da teia:

Quem é poeta, de poesia jamais se esquece.

Fazer poesia jamais será sacrifício,

É gesto de amor falado e escrito,

É no texto da vida palavra em negrito,

É ver nas coisas belezas e isso, infinito.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 03/08/2019
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