Rodamor
O vento é a cura, o recomeço.
Sopra forte no meu rosto...
Traz o amor que eu mereço
E leva embora o desgosto.
Venha tufão. Ó, venha brisa!
Traz logo a chuva a galope...
Rompe os botões da camisa,
Abre meu peito de um golpe!
O amor ficou no passado.
O tempo já fez sua quota.
O vento, bem mais ousado,
Tira um amor e outro bota.
O que é eterno é o amar!
A roda e a roleta giram...
As areias que o vento trouxe
Muitas pegadas cobriram.
Por que demoras em vir?
Me incomoda esse hiato...
Mande as cortinas abrir...
Recomece o espetáculo!
Enquanto a brisa não soprar,
Vaga sem rumo o batel...
E encalha na sesmaria,
D'um amor que já morreu.
E teima em ressuscitar!