Valsa Poética

A alma transcrita ao papel diante dos olhos cansados de um homem.

Homem cujo até suas retinas estão se cansando de enxergar o mundo à sua volta.

A dama de preto dança em um salão branco de chão pautado.

Apenas um homem a entendia.

Todos a viam.

Alguns ignoravam-na, pensando que era louca por dançar sem música,

Alguns achavam seus movimentos sem objetivo ou sentido,

Outros ainda chegavam a achar graça naqueles passos desengonçados,

Porém,

Apenas um homem a entendia.

E ambos, homem e mulher, sabiam disso.

-Dance sem medo, bela jovem! A manhã tardará a chegar e quero poder desfrutar da arte que escreves com teus pés!

-O farei, cavalheiro! Porém guia-me nesta dança e, se me agradares, festejaremos e choraremos juntos por quanto tempo quiseres.

Naquela noite...

Naquela noite única,

Os dois amantes esqueceram, nem que tenha sido por um instante, todos os problemas que os haviam separado por tanto tempo.

Ele, que muda a cada soprar do vento, continuava sendo perfeitamente lido por ela.

Ela, que continuando sempre a mesma, era cada vez mais irreconhecível.

Ambos seguiram, dalí em diante, uma longa jornada,

Jornada que já leste ou lerás.

Queria eu poder dizer o fim,

Mas ainda não acabou

Augusto de Azevêdo
Enviado por Augusto de Azevêdo em 18/07/2019
Código do texto: T6698931
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