ESTEIRO – ISTMO – SEMA
Finco uma palavra no chão quando ergo-me suplício em duro leito.
Tenho olhar fixo, deliro.
Isto é derrame seco na margem sem margens
onde desenterro cava, colarinho, manga,
cavo, cova, destino vestido.
No percurso o universo cresce feito estria
abrindo derme morta para toda sorte de coisa viva.
Se o poeta é domador de faltas é pintor do ausente.
Incapaz de ferir esquece cruz e suplício. Deveras mente.
O leitor é sol, esteiro, istmo, sema. Do poema, sentidos.
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Baltazar Gonçalves