O Mal do Poeta
Meu próprio poema
Vivo nele desde sempre
Lembro-me de quando tinha trema
E eu já recitei para diversas pessoas
E para as mais importantes
Gaguejei à toa
Logo eu
Aquele das sábias respostas
As vezes fico raso igual uma poça
Logo eu, um personagem tão marcante
As vezes me vejo tão redundante
É intrigante
A verdade é que a mortalidade me consome
Seria mentira eu falar que não me assusto
Ou que nunca tenha questionado o avatar da morte
Mas se eu já vi tantas certezas caírem por terra
Qual o problema de arriscar na dúvida
Sendo que as vezes ela parece certa?
Minha mente já me levou a precipícios
Mas também ao vale mais calmo e bonito
Um turbilhão de emoções que me perde
E apesar de me falarem que falo tão bem
Vivi para ver as palavras escapando de mim
Com meu coração indo de zero a cem
As rimas me fizeram entender
O que uma boa escrita não faz por você?
Talvez eu tenha levado a poesia com muito afinco
Vivi tão imerso na verdade das minhas palavras
Que esqueci que existe falsidade
Nas letras borradas
Nunca irei apagar o que eu fiz
E nem voltarei na palavra que prometi
Não importa quantas memórias as cicatrizes tragam
E nem se a felicidade desce com um gosto amargo
Ainda irei me acostumar com meu contraste
Entre a poesia, vida e um corpo em desgaste