O Mal do Poeta

Meu próprio poema

Vivo nele desde sempre

Lembro-me de quando tinha trema

E eu já recitei para diversas pessoas

E para as mais importantes

Gaguejei à toa

Logo eu

Aquele das sábias respostas

As vezes fico raso igual uma poça

Logo eu, um personagem tão marcante

As vezes me vejo tão redundante

É intrigante

A verdade é que a mortalidade me consome

Seria mentira eu falar que não me assusto

Ou que nunca tenha questionado o avatar da morte

Mas se eu já vi tantas certezas caírem por terra

Qual o problema de arriscar na dúvida

Sendo que as vezes ela parece certa?

Minha mente já me levou a precipícios

Mas também ao vale mais calmo e bonito

Um turbilhão de emoções que me perde

E apesar de me falarem que falo tão bem

Vivi para ver as palavras escapando de mim

Com meu coração indo de zero a cem

As rimas me fizeram entender

O que uma boa escrita não faz por você?

Talvez eu tenha levado a poesia com muito afinco

Vivi tão imerso na verdade das minhas palavras

Que esqueci que existe falsidade

Nas letras borradas

Nunca irei apagar o que eu fiz

E nem voltarei na palavra que prometi

Não importa quantas memórias as cicatrizes tragam

E nem se a felicidade desce com um gosto amargo

Ainda irei me acostumar com meu contraste

Entre a poesia, vida e um corpo em desgaste

Jkrause
Enviado por Jkrause em 26/06/2019
Reeditado em 29/06/2019
Código do texto: T6682550
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