ADÔNIS (Do Hino Órfico 56)
Pai de brotos,
Cujo crescimento estimulo,
Trago-lhes frutos maduros,
E, absorto,
Sem nenhum esforço hercúleo,
Levo brotos a ramos futuros.
Eis minha sina de Adônis,
Ouço canto de bem-te-vis,
Vivo entre a terra e o inferno;
Geômetra, ignoro cones;
Geógrafo morto por javali,
Guardo flores e sou terno.
Mas Apolo, Diana e Ares
Lembram-me os dias de Hades.
Insto por São Francisco, dão-me Sade.
Acusam-me de destruir Lares.
Ergam piras para que me consuma,
Chamuscaram-me já ao fogo -
Entendam, não recaí num logro,
A flor interna sempre perfuma...