ADÔNIS (Do Hino Órfico 56)

Pai de brotos,

Cujo crescimento estimulo,

Trago-lhes frutos maduros,

E, absorto,

Sem nenhum esforço hercúleo,

Levo brotos a ramos futuros.

Eis minha sina de Adônis,

Ouço canto de bem-te-vis,

Vivo entre a terra e o inferno;

Geômetra, ignoro cones;

Geógrafo morto por javali,

Guardo flores e sou terno.

Mas Apolo, Diana e Ares

Lembram-me os dias de Hades.

Insto por São Francisco, dão-me Sade.

Acusam-me de destruir Lares.

Ergam piras para que me consuma,

Chamuscaram-me já ao fogo -

Entendam, não recaí num logro,

A flor interna sempre perfuma...

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 30/05/2019
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