SOBRE A POESIA
Poema,
Retrato em Raio X
Levíssima pele que se desprende do corpo
Incendiado pelo amor.
Ruptura,
Filho expulso em hora extrema
Inevitável força da natureza
Gerada em si mesma entre dores de parto.
Às vezes, é mal a ser drenado para
Que a febre ceda.
Outras, unguento da paixão, bálsamo sagrado...
Gozo clandestino dos amantes
Eternizado em rouca canção francesa,
Na orelha salivada,
Antes da realidade chegar.
É farpa na garganta,
Que sufoca a voz dos desvalidos,
Transmutada em espada:
Grito das dores cidadãs
No ar fétido dos becos propagadas
Pelos meninos que brilham
Nos palcos do metrô da grande cidade
Onde a verdade nua baila
E beija a boca
dos ouvidos indiferentes.
(Stella Motta)