erudição
lapidar a poesia bruta
tal seria tomar o cristal
natural
legítimo, mas imperfeito
geminados, terminações, intercrescimentos
maclas, corrosões, inclusões, clivagens, faces e arestas
a lhe narrar o percurso
e moldá-lo em joia
cabochão, facetada, ovalada
as há para tantos gostos
e há gostos para tantas
sejam os cristais incultos
ou as gemas lapidadas
no íntimo, prefiro as pedras brutas
autênticas em sua rudeza
embora reconheça
que é imprescindível a evidência
da identidade do cristal
e que é preciso remover
o escolho, a pátina, o pó
e assim revelá-lo
primal
Publicado no livro "cio do século" (2011).