NEUROPOÉTICA DA GÊNESE
Dois poemas,
POEMA I
O que salva é o coração,
Nosso coração tão animal
Capacitado para devoção,
Dono do próprio quintal .
A razão serve para objetos,
Não entende de coisas sentimentais,
Tem apego pelo que for concreto ,
Freia-nos os impulsos animais.
Mas o animal é o que será de belo ,
O belo trazido pela nossa genética,
Entendido, compreendido pela Estética...
Infelizmente a razão bate o martelo...
POEMA II
O amar está nas zonas profundas do encéfalo,
Todo sistema límbico tece hinos ao aconchego,
Fôssemos só eles , seríamos oníricos,
Seríamos soprados pelo deus Zéfiro
E nos regatos procuraríamos apenas arrego,
Em meio a lírios, delírios, cantares líricos.
O córtex tudo freia, penas córtex -
É a razão quem mais nos traz desenganos,
é quem nos obriga a amar o desprezível,
Centrifuga-nos pensares até chegar ao vórtex ,
Ali condensam-se razões e fés em arcanos,
Mas também terá conteúdo terrível.
É a razão a causa do mal, afoga coração,
Sufoca, violenta, destrói a animal inocência...
Nem caudas temos mais para agitar
E assim tornar clara a nossa emoção,
Tudo em nome desta cobra, a consciência,
Aquela que se reputa senhora de todo amar.