NEUROPOÉTICA DA GÊNESE

Dois poemas,

POEMA I

O que salva é o coração,

Nosso coração tão animal

Capacitado para devoção,

Dono do próprio quintal .

A razão serve para objetos,

Não entende de coisas sentimentais,

Tem apego pelo que for concreto ,

Freia-nos os impulsos animais.

Mas o animal é o que será de belo ,

O belo trazido pela nossa genética,

Entendido, compreendido pela Estética...

Infelizmente a razão bate o martelo...

POEMA II

O amar está nas zonas profundas do encéfalo,

Todo sistema límbico tece hinos ao aconchego,

Fôssemos só eles , seríamos oníricos,

Seríamos soprados pelo deus Zéfiro

E nos regatos procuraríamos apenas arrego,

Em meio a lírios, delírios, cantares líricos.

O córtex tudo freia, penas córtex -

É a razão quem mais nos traz desenganos,

é quem nos obriga a amar o desprezível,

Centrifuga-nos pensares até chegar ao vórtex ,

Ali condensam-se razões e fés em arcanos,

Mas também terá conteúdo terrível.

É a razão a causa do mal, afoga coração,

Sufoca, violenta, destrói a animal inocência...

Nem caudas temos mais para agitar

E assim tornar clara a nossa emoção,

Tudo em nome desta cobra, a consciência,

Aquela que se reputa senhora de todo amar.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 01/10/2018
Código do texto: T6465107
Classificação de conteúdo: seguro