SOPROS DA ESTEPE *
O que está escrito em meus manuscritos?
Que importa teor ardor amor... escrevo
Na intenção de doar-me, eis o charme
Da arte (na qual jamais houvera descarte), rito.
Aprendo a amar o que me liberta, livre
Sou para sonhar cucos confinados a relógios
ou contemplar bentevis deitados em fios.
Aprendo vida a cada instante em que me calibre.
Não confio na força do tempo ou ambiente
Mas no sentir envolvente que me impregna.
Dádivas os dias, as horas, os minutos...
Em absoluto somente a vida que se sente.
Prezo tanto liberdade por jamais obtê-la.
Não há escolhas no pensar contido propiciado,
Por isso, sempre estarei mais afeito às estrelas.
Oferto clamores, louvores , mesmo esteja errado.
* Inspirado pelos versos, a seguir, de Boris Pasternak, um dos poetas russos dissipados, aos quais já me aludi num poema : " Não deves renunciar a um mínimo pedaço do teu ser, só estar vivo e permanecer vivo, e viver até o fim".