QUEM SABE

QUEM SABE

Quem sabe mente o poeta que se desdobra

na dor de quem pensava ausente.

Quem sabe demonstra no silêncio do olhar distante

o centro do centro vazio que é o ser de toda gente.

Quem sabe omite o saber perene

no sentido de erguer-se novamente.

Quem sabe levantará prontamente

a mesma extravagância autêntica.

Quem sabe o fiel descrente

esmiúça dos séculos o certo

e na moenda do tédio infértil

coze as horas vazias incertas.

Quem sabe o poeta de si cobra

nas duras dobras do fazer inglório

a perfeita obra e em dobro sofre

o padecer ingrato que soçobra.

Quem sabe responda, escreva preencha esvazia,

quem pergunta sabe-se prenhe e grave e crente?

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Baltazar Gonçalves

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 15/08/2018
Código do texto: T6420056
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