Quarto sem janelas
Você acha que sabe alguma coisa
Até que role ladeira abaixo
Com mãos, pés e alma atados
Grunhindo uma melodia desastrada
E se você fosse um poeta
Já teriam arrancado seus dentes
E sua voz sairia murcha
Como uma fruta apodrecendo
Ou um retalho de seda amassado
Esquecido num canto qualquer
De um quarto sem janelas
Ainda veria a centelha da vida
Extinguir-se sem remédio
Só com palavras e mais nada
Não poderia salvar seu corpo
Nem seu espírito e muito menos
Compensar possíveis perdas