VERSO
Não faço verso de modismo
tampouco para a alta casta
meu verso nasce povo
derrama o azeite do babaçu
e as águas do Apuá.
meu verso é um cofo
de devaneios
é a cesta da vó Neném
levando beiju e
esperança
é o cabelo branco
debaixo do torço
que conta histórias de Trancoso
é a calçada de redondilha
cantada na boca
da meninada
não faço verso de ricas imagens
pouco conheço
da teoria literária
meu verso nasce desajeitado
só que ele
nasce com ALMA.