À PROCURA
À PROCURA
Buscando a voz que me é propriamente humana
animal
pesquisando vestígio de sua presença
entre
cacos, fragmentos
do que já está perdido e
estranho
vagando por ruínas
naves remotas
pedaços de sons insilenciáveis — pranto convulsivo:
errei por compartimentos escuros do mais puro breu
antessalas ilusórias, subterrâneas... tateei...
(quando me estreitei de seu vulto
pensei que fosse finalmente me dizer quem
eu ia)
Encontrei-a lá onde jazem
todas as vontades enunciativas
livre e fria
não dizia por urgência de dever
ou por veleidades de poder
mas por um não-poder
por uma frouxa incontinência
pela alucinação sempre renovada
Pela falha certa
menos importava
o quê
do que
só dizer
dizer só
quem sou eu, ó voz, e quem soes voz?
quem somos nós? Tudo
nesse jogo estranho? Nada...
Voz de silêncios e pausas
e que solitude
Era uma voz sem impérios que é silêncio e que não cala
que não fala
não ilude
não salva
não serve