À PROCURA

À PROCURA

Buscando a voz que me é propriamente humana

animal

pesquisando vestígio de sua presença

entre

cacos, fragmentos

do que já está perdido e

estranho

vagando por ruínas

naves remotas

pedaços de sons insilenciáveis — pranto convulsivo:

errei por compartimentos escuros do mais puro breu

antessalas ilusórias, subterrâneas... tateei...

(quando me estreitei de seu vulto

pensei que fosse finalmente me dizer quem

eu ia)

Encontrei-a lá onde jazem

todas as vontades enunciativas

livre e fria

não dizia por urgência de dever

ou por veleidades de poder

mas por um não-poder

por uma frouxa incontinência

pela alucinação sempre renovada

Pela falha certa

menos importava

o quê

do que

só dizer

dizer só

quem sou eu, ó voz, e quem soes voz?

quem somos nós? Tudo

nesse jogo estranho? Nada...

Voz de silêncios e pausas

e que solitude

Era uma voz sem impérios que é silêncio e que não cala

que não fala

não ilude

não salva

não serve

Welliton Oliveira
Enviado por Welliton Oliveira em 25/03/2018
Reeditado em 09/05/2018
Código do texto: T6290446
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