Poesia é vida
Quando comecei a escrever poesia? Não sei...
Mas eu nunca fui sozinha.
Havia uma pessoa dentro de mim
Que subia nos pés de atas...
Nas mangueiras, nos cajueiros;
Talvez fosse era a menina que descia o rio
A nado nas épocas das correntezas.
Eu fui quem andou de trem,
Correu nos dormentes na ponte de ferro
Fiz brincadeiras de drama
E as de esconde-esconde...
Mas se de algo tenho certeza
É que tudo mora dentro de mim,
Em algum lugar bem perto do coração,
Da alma, da minha boca, da minha cabeça...
Eu sempre tive muitos pensamentos...
Eram tantos que eu os dizia
Em meus sonhos, em conversas com os amigos...
Por um tempo cheguei a pensar que era louca,
Não de pedra, mas de imaginação:
Havia alguém dentro de mim –
Nascida da fome que passei na infância,
De um belo plano de que o amor é para sempre,
E que a vida é dura
E que a vida faz você amar perdidamente –
Filhos, netos, flores
Um homem, um brinquedo, comida
Mas não sei quando iniciei a escrever...
Com febre, na infância?
Depois do primeiro beijo?
Ou depois de todos os amores que tive?...
Mas se não sei, perco o meu tempo
É com a imagem da natureza,
Plantas e bichos;
Com o sorriso das crianças...
Vivo assim, num olhar sossegado
De que a poesia mora em mim,
E sem ela, ai, não possuo nada para viver!