O MOVIMENTO DA POESIA

A poesia não para.

Seu movimento é constante

e cabe ao poeta

achar o preciso instante

para a abordagem correta.

Feita a abordagem,

ele poderá sugerir,

apenas sugerir,

para onde o movimento

levará a poesia em viagens

nas quais

ela fará visitas a locais

onde há tristeza ou contentamento.

E aí ela encontra sua matéria-prima.

Nessas coisas que acontecem,

tão comuns que quase não as vemos,

a poesia se acha e se mostra.

O poeta poderá, então,

escrever versos com rima

porque a poesia, na aridez do deserto,

escolhe a beleza das dunas.

Na tristeza dos velórios

ela escolhe as flores

e crianças que, sem sentir dores,

brincam ali por perto.

Mas ela aproveita também

a beleza profunda dos olhos tristes

de quem desagua em choro sincero.

De quem, por não entender

a morte e a vida,

não sabe que aquele que partiu

deixou recado na saída:

não chore, eu lhe espero.

Depois, a poesia segue viagem.

Atraída pelas asas de uma borboleta

(Minha homenagem aos amigos e amigos poetas pelo Dia Mundial da Poesia, comemorado em 21 de março.)

Silva Edimar
Enviado por Silva Edimar em 21/03/2018
Código do texto: T6286923
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