O MOVIMENTO DA POESIA
A poesia não para.
Seu movimento é constante
e cabe ao poeta
achar o preciso instante
para a abordagem correta.
Feita a abordagem,
ele poderá sugerir,
apenas sugerir,
para onde o movimento
levará a poesia em viagens
nas quais
ela fará visitas a locais
onde há tristeza ou contentamento.
E aí ela encontra sua matéria-prima.
Nessas coisas que acontecem,
tão comuns que quase não as vemos,
a poesia se acha e se mostra.
O poeta poderá, então,
escrever versos com rima
porque a poesia, na aridez do deserto,
escolhe a beleza das dunas.
Na tristeza dos velórios
ela escolhe as flores
e crianças que, sem sentir dores,
brincam ali por perto.
Mas ela aproveita também
a beleza profunda dos olhos tristes
de quem desagua em choro sincero.
De quem, por não entender
a morte e a vida,
não sabe que aquele que partiu
deixou recado na saída:
não chore, eu lhe espero.
Depois, a poesia segue viagem.
Atraída pelas asas de uma borboleta
(Minha homenagem aos amigos e amigos poetas pelo Dia Mundial da Poesia, comemorado em 21 de março.)