Relógio
Dos mais ferozes animais do lar que já se teve
Jamais algum faz par ao relógio de parede
Com o bote claudicante, frouxo, mortiço
Mas com mais força que um píton faminto
Arrasta a todos de um lugar a distinto
Sem o pudor de não expor em sua face
As fatias de que se não demonstrasse
Caberiam nelas tempo infindo
Passam-se rápido as horas
Mas em um segundo caberia uma pré-história
Com dentes de minutos como grilhão
Já vi ser devorada toda uma geração
Espero, também, pela lâmina afiada
Dessas horas esfomeadas
A me garfar em bocadas sacias