Pescador

A deriva de um mar sem fim,

Pensamentos.

No gigante azul das ideias

Salgado em vírgulas e frases belas,

Passa os tempos.

Alça velas, rumo novo

Novo rumo ao velho destino

De cruzar, faminto e imundo

Velado no lúcido sonho profundo

Do desconhecido.

O reflexo do pescador mora na água.

Quantas mulheres deixastes em casa ?

Filhos na areia?

Histórias a serem contadas?

Quem há de comer seus peixes?

Quem há,pescador, de tocar seu rosto

E sua vida, além dessa longa brisa?

As respostas é a volta quem conta.

Mas não há volta, não agora.

Agora há uma rede.

Vazia.

E um verso muito menor do que você teria contado

Escapulindo por debaixo do teu barco.

Enquanto o sol, quente, debocha teu fracasso.

Mas o mesmo sol que debocha, o lembra

Que até que teu nariz não pesque mais os ventos,

Até que teus braços não pesquem mais a solidão,

Tens profissão.

Tua vara, a que pesca por palavra,

Puxa os peixes da poesia e prosa

Que fazes, de maneira apetitosa

Ao coração.

O mar não tem fim.

E os peixes, pequenos, frutos desse dia

Debatem-se desistindo pelo papel.

Pescador, até quando insistirá nessa jornada?

Ao menos nesse dia, sob sol quente e cara amarrada

Porquê debate-se com essa vara de papel?

Os peixes são pequenos, veja só, nesse dia.

E o mar? O mar não tem fim.

Mas ele navega em busca do peixe dourado.

Em busca do maldito fechamento sagrado.

Da chave que o faz descansar em terra firme,

Do ouro verseado que liberta os poetas,

Do último peixe do pescador de ideias.

Hygor Marques
Enviado por Hygor Marques em 29/06/2017
Código do texto: T6040422
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