SABOREAR

Faz o retrato do momento

agarra o poema pelo avesso

transcende imagens, vocábulos

tomates cebolas alfaces

saladas, tudo bem temperado.

Destrincha a polpa do signo

apreende o néctar no palatino.

Acresce ao xis do estudante

à bandeja do trabalhador

diários sabores de poemia

sentidos que alumbram

cada sílaba, o zum-zum

na garupa do ritmo.

Diz ao ouvido o verso

aprecia a sobremesa.

A poesia, na língua

formata o paladar.

MONCKS, Joaquim. A MAÇÃ NA CRUZ, POESIA CONCEITUAL & ALGUM COTIDIANO. Porto Alegre, Alcance, 2022, p. 85.

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