O bêbado e o poeta
Ai noites, ai madrugadas,
Companheiras dos bêbados e dos poetas,
Que se perdem em becos e versos,
Em busca de redenção.
Uma linha, uma palavra, um tombo,
E tudo o que lhes resta é um versar e uma canção.
O bêbado canta uma balada triste, enquanto cambaleia,
O poeta chora, enquanto risca e devaneia,
Esquadrinhando rima e perfeição.
Verso a verso, deslize a deslize,
Ambos padecentes, pateticamente insistem
Em não serem vistos pela multidão.
Entretanto, o verso não nasce,
A rima se cala,
A métrica falha,
Se não há inspiração...
E assim, outro dia amanhece,
Bêbado encontra o caminho...
Poema, o escaninho...
Poeta sozinho.
(metacantos - 2015)