A LUCIDEZ ENTERNECIDA
Para Armindo Trevisan
Vezes há em que pressinto
o condão dos fados intimistas
noutras, a espada do libertador
tudo em nome dos rituais
de a(r)mar valores
açodadamente grávidos
de humanidades.
Afoga-se no verso a inquietação
de estar vivo, psicoativa
em estropeadas mudanças
impotências a estatelar inércias.
Assim a Poesia, por sua criação
lavrada de metáforas
cumpre o seu humilde desiderato.
De mansinho, sonhadora
ela sai de cena por não pertencer
ao mundo dos fatos: mágica
como se, anônima
nunca tivesse feito cais.
Todavia, sagaz, vive-se nela
a casa do ser
original morada de invenção.
MONCKS, Joaquim. A MAÇÃ NA CRUZ, POESIA CONCEITUAL & ALGUM COTIDIANO. Porto Alegre: Alcance, 2022, p. 82.
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