BRUXOS!
Bruxos!
Os poetas não são gente
Não gente comum
São uns bruxos miseráveis
E sua miséria é feita de ausências
Faltam-lhes Certezas
Falta-lhes o Chão
Faltam-lhes as Verdades
Os benditos Caminhos de Paz
As benfazejas palavras de conforto
E as definitivas conclusões
São uns miseráveis, como eu disse
Pedintes de sentido
Mendigando razão e sensatez
Neste mundo oco e sem nexo
Implorando por cores vivas
Neste claro-escuro mundo de morte
Bebericando, de bica em bica,
As gotas de realidade que caem com as chuvas
Bruxos!
São uns miseráveis esses poetas!
Umas miseráveis, essas poetisas!
Nos fazendo enxergar
Com as Verdades que não possuem
Nos fazendo ir adiante
Pelos caminhos que não possuem
Nos fazendo mais serenos
Com uma tranquilidade
Que eles mesmos não possuem
Nos fazendo decidir livremente
A partir de inacabadas conclusões
E é nisso que consiste sua Magia:
Fazer do que lhes falta
Alimento espiritual de todos nós!
Poetas e poetisas:
Bruxos miseráveis!