SEDUÇÃO
Feito um fino feitiço,
Canto dessa sereia
É mão que acaricia
A pele das lembranças
E afaga no horizonte
Do insondável desejo
Geografia isenta
De espaços possíveis.
Tudo é tarde e distante,
Mas fica cedo e próximo,
Com inúmeros timbres
No imponderável ritmo.
Ouve-se o escrito
E se escreve a voz
Em canto inaudito
Que salva ou afoga
Em desdobrados cabos
De tormentos da alma,
Onde todos nós somos,
Ouvindo íntimas letras
Ou lendo o próprio som,
Um Ulisses vencido,
Desatado do mastro,
A seus mares descido.