COM AS COISAS DO CORAÇÃO

Este poema está lacrado.

Hermético, cético, poético, erétil,

este poema é o vigésimo quinto filho da palavra amor,

feito em dezembro, ano do nascimento do protetor,

sem fresta, vão, janela ou porta,

este poema é a resposta

às perguntas que sempre são feitas,

de que modo nascemos,

para onde vamos,

somos os colhedores

ou somos só a colheita?

Este poema se reserva o direito de ser imperfeito,

cunhado na forja dos que escrevem por prazer e denodo;

este poema, de cobre, aço, ouro, prata, arsênico, é feito,

não permite visitas de pais-de santo, babalaôs, reis do lodo...

Ninguém nunca saberá o que contém,

nem suposições, oráculos, runas, descobrirão,

sabe-se apenas que vale mais que um vintém,

posto que recheado com as coisas do coração...