PAPEL DO MAR

Eu sou o mar

Sempre fui o mar

que bebia

das próprias águas

o sal em minha infinita pele

de camada única

logo ouvi um canto vindo da areia sem ser sereano

era a poetisa

arriscando-se numa maré

dobrada

como as folhas de seus poemas

e esse lápis

timoneiro

manchava com palavras silenciosas

de muitos olhos marinhos

deles

a visão.

Dava-se um fim ao solilóquio mais gritante de um encharcado velho

afogado

até o joelho

em vão.

E a maré

do mar é

Mas velho

Marinheiro é não

É só mais um

marujo

Pelo mar

sujo

Cujo

maior medo

Não é da rasura

nem do garrancho

É sempre

o de deixar

afundar

Digo eu, franco

As letras da poetisa

em folhas

de papel em branco

Nas garrafas vazias de rum.

RNetto
Enviado por RNetto em 29/11/2016
Código do texto: T5837980
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.