PAPEL DO MAR
Eu sou o mar
Sempre fui o mar
que bebia
das próprias águas
o sal em minha infinita pele
de camada única
logo ouvi um canto vindo da areia sem ser sereano
era a poetisa
arriscando-se numa maré
dobrada
como as folhas de seus poemas
e esse lápis
timoneiro
manchava com palavras silenciosas
de muitos olhos marinhos
deles
a visão.
Dava-se um fim ao solilóquio mais gritante de um encharcado velho
afogado
até o joelho
em vão.
E a maré
do mar é
Mas velho
Marinheiro é não
É só mais um
marujo
Pelo mar
sujo
Cujo
maior medo
Não é da rasura
nem do garrancho
É sempre
o de deixar
afundar
Digo eu, franco
As letras da poetisa
em folhas
de papel em branco
Nas garrafas vazias de rum.