Palavras Inquietas
Palavras não pedem licença
Não ficam em minha cabeça
Querem sair de todo jeito
Talvez esse seja meu defeito
Querem brincar de amarelinha?
As palavras gostam de linhas
Elas não vivem sozinhas
Querem aconchego, coitadinhas!
Se eu não disser, eu morro
Subo naquele morro, de verdade!
Vou escrever à vontade
Para as palavras saírem
Sopro, suspiro, expiro
Mas eu quase piro
Solto as letras no espirro
Faço as flores se abrirem
Levem agora as palavras
Quem escreve conto de fadas?
Façam livros, construam casas
Elas não sabem ficar paradas!
Cobiçam poesias
Querem entrar em sinfonias
Falam abobrinhas
São para elas as melodias
Levem, levem
Não têm preço
Quero ficar leve
Não deem meu endereço
Correm na estrada
Voam até o céu
Parece uma revoada
Palavras no papel
Por vezes são sérias
E outras, fazem graça
São crianças em férias
Brincando na praça
Palavras... Versos...
Onde vão parar?
Quanto mais converso
Mais elas teimam em chegar!