Das almas inquietas
não culpem os poetas
eles não sabem o que dizem
pedem perdão
pela dor e pela maldade do mundo
subitamente desfiam seus segredos
de almas inquietas e sangue colorido
e sabem que se estancam as palavras
secam a veia matam a musa
abortam o poema
onde lhes falta verve
inserem a palavra amor
destilam sentimentos e sensações
que ardem em suas cicatrizes
nem sempre de bem com o mundo
abençoados por anjos tortos
poetas são malvistos por verem além
querem redimir os pecados com os versos
que anotam em cadernos
com os dedos sujos de tinta
ah os poetas são como as flores
que dançam sob o sol de verão
agitam-se por qualquer brisa
e morrem por qualquer pesar
queriam poder segurar nas mãos
a poesia que flutua nos olhos
dos mais velhos
- esses poetas de antigas vozes e
vidas enrugadas
os poetas são ladrões de pensamentos
e espalham em brancos papeis
os frutos de suas pilhagens
andam sempre de bolsos vazios
cabeça cheia e almas inquietas
aguardando um riscar de fósforo
que lhes traga o conforto de um novo poema
ou a salvação do mundo
não culpem os poetas
eles não sabem o que dizem
Helenice Priedols